22.11.08

Horror nos estádios

Olá amigos!!!
Faz algum tempo que não passo por aqui, mas estou escrevendo para um blog chamado "Falando dos Gaúchos", escrevo toda quarta e sábado. E o texto abaixo foi publicado quarta-feira, dia 19/11, e como eu gostei muito e recebi vários elogios resolvi dividí-lo com meu blog particular.
Espero que gostem.
Beijos Cris.

Horror nos estádios

Gostaria de poder falar sobre o jogo do Internacional hoje a noite. Gostaria de poder falar da busca pelo título do Grêmio. Mas após os últimos acontecimentos nos arredores do estádio Olímpico, não posso me permitir falar de outro assunto a não ser do horror da violência dos atos de marginais travestidos de torcedores gremistas.
Sempre fui a favor das organizadas em estádios. Penso que elas fazem um show a parte nas arquibancadas. Mas de alguns anos para cá tenho repensado minha posição. Estou aqui na frente do computador faz algumas horas tentando objetivar e medir tudo que quero expressar para ti leitor. Bom vou começar pelo que deve ser o começo – ao menos na minha visão.
Futebol é a maior paixão nacional. Quando nascemos – ou até enquanto estamos na barriga da mãe ainda – já se fala em que time vamos torcer. Eu particularmente fui criada dentro de estádio de futebol. Estudei jornalismo para trabalhar com futebol. A minha lembrança mais remota é de eu com 3 ou 4 anos toda entrouxada indo ao estádio com meu pai para assistir a um jogo de futebol, isso deve ter sido em julho ou agosto de 84/85. Naquela época mulheres nos estádios era algo raro. Minha mãe era uma exceção, sempre fora aficionada por futebol, mais especificamente pelo clube ao qual torce. Para mim assistir ao jogo no campo sempre foi programa de família.
Porém algo mudou nos últimos anos. Com o avanço da violência, ela chegou com força aos templos do futebol. As torcidas organizadas, que eram uma forma de show, um reforço para os times em campo, tornaram-se gangues. Primeiro começou no eixo Rio-São Paulo. Lembro como se fosse hoje a guerra na final da Copa São Paulo de Juniors no Pacaembú a briga entre as organizadas do Corinthians e do São Paulo, que culminou com a morte de um jovem a pauladas em frente as câmeras de TV. Depois disso muitas outras confusões vieram. As torcidas organizadas foram proibidas nos estádios paulistas, mas proibidas como tudo no Brasil – logo não preciso nem dizer para vocês que ninguém levou à sério. Agora – faz algum tempo já – essa violência chega ao nosso estado.
O que ocorreu domingo após o jogo entre o Tricolor Gaúcho e o Coxa foi uma mostra do que esses marginais são capazes de fazer. Uma briga entre torcidas – pasmem – do mesmo time, o Grêmio se degladiaram nos arredores do Olímpico. Saldo: dois torcedores gravemente feridos à bala.
Os motivos para essas brigas são os mais variados, basta lermos as reportagens dos jornais ou assistirmos aos telejornais. A briga do final de semana parece ter sido motivada por um grupo Neo-Nazista auto-denominado G.A.S. (Geral Ataque Surpresa). Segundo membros de outras torcidas organizadas, eles pregam a extinção de mulheres, negros e gays dos estádio de futebol, e teriam “proibido” a torcida Máfia Tricolor de colocar faixas em homenagem a Lupicínio Rodrigues e o ídolo Everaldo por serem negros. O não atendimento da “ordem” ocasionou ameaças de morte e as vias de fato.
A direção do Grêmio joga a responsabilidade para a polícia, a polícia joga para a justiça, que repassa para a Brigada Militar, que toca a batata quente para o clube, que procura outro culpado... como a historinha aquela: ”...Maria que amava João, que amava Cláudia, que amava José...” . Não sei dizer onde isso vai parar, só sei que alguém precisa parar. A próxima batalha já está anunciada, dia 7 de dezembro de 2008, no jogo contra o Atlético Mineiro. Quem se habilitará a tomar uma atitude? Não vai valer a desculpa do “eu não sabia”.

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