29.11.08

Decisões, esclarecimentos e Justiça

Como vocês sabem, na verdade não sei se todos sabem, mas o futebol é uma das minhas maiores paixões. Escrevo para um blog todas as quartas e sábados, e quando o texto tiver assuntos relevantes - ou melhor quando realmente gostar do texto que escrevi - vou postá-lo aqui também. Espero que gostem.
A semana foi cheia de acontecimentos. No domingo o Tricolor Gaúcho praticamente entregou o título brasileiro para o São Paulo, com a derrota por goleada, para o Vitória da Bahia. Mas digo praticamente porque essa semana completou três anos da chamada “Batalha dos Aflitos”, onde quando tudo parecia perdido o Grêmio com quatro jogadores a menos ganhou o jogo e retornou para a série A do Brasileirão. Agora vamos a fatos reais. Vocês sabiam que o Fluminense tem a segunda melhor campanha do segundo turno do campeonato? O Tricolor das Laranjeiras tem 67% de aproveitamento, e conta com 100% de aproveitamento contra o São Paulo. Agora o Tricolor Gaúcho enfrenta o Ipatinga, já rebaixado (tem 99,8% de chances de ser), mas que incomodou muita gente jogando no seu estádio, inclusive o Colorado. A torcida gremista parece acreditar na possibilidade do título, o Consulado de São Leopoldo colocou a seguinte faixa durante os treinamentos essa semana: "Enquanto há vida, há esperança. Não desista...". Será?
Na quarta-feira o Internacional foi a La Plata enfrentar o Estudiantes pela primeira partida da final da Copa Sul-Americana, todos os cronistas diziam que seria uma partida dificílima, e não é que foi! Para os argentinos. O Colorado parecia estar jogando no Beira-Rio. Nem a expulsão da alma do time Gaúcho Guiñazu aos 25 minutos do primeiro tempo fez o jogo mais difícil. O Inter não ampliou a o número de gols nem sei porque. Foi um passeio e já está com as duas mãos na taça, só falta o Edinho levantá-la na próxima quarta-feira em Porto Alegre. A má notícia é que o título não trará a vaga para a Libertadores 2009. Porém diante do que estamos vendo nessa reta final de temporada, o ano do centenário Colorado promete. O time tem dado passeios em campo, parece que o Tite finalmente acertou a mão.
Ontem em operação denominada Contra-Ataque, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) cumpriram ontem nove mandados de prisão preventiva e 17 de busca e apreensão a integrantes da Geral do Grêmio em Porto Alegre, Canoas e Esteio, foram presas três pessoas. Seis não puderam ser encontradas e estão sendo consideradas foragidas pela Polícia. A ação é parte da investigação da briga entre torcedores do Grêmio que resultou em dois torcedores baleados. E engana-se quem acredita que os suspeitos sejam de classes baixas, pessoas sem instrução – até porque com o valor do ingresso assalariados não conseguem mais ir ao estádio – Segundo o Delegado Bolívar Llantada, da Delegacia de Homicídios, eles são jovens, universitários e de classe média e alta. Os envolvidos – ou melhor, os suspeitos - devem ser indiciados por formação de quadrilha e racismo. Os responsáveis pelos disparos ainda serão indiciados por tentativa de homicídio.
A torcida Geral do Grêmio colocou uma nota de esclarecimento em seu site: http://www.geraldogremio.com.br, em que dá a sua versão aos fatos. Vale a pena ler, afinal a torcida são milhares de pessoas que apóiam o time, e a Geral do Grêmio trouxe uma nova forma de torcer, assim como a Popular do Inter, e não devemos julgar todos por alguns delinqüentes. Acredito que valha a pena refletir.
E só para completar, parece que o pênalti reclamado pelo Flamengo realmente não foi pênalti. Uma câmera exclusiva da ESPN Brasil mostra o lance e fica claro que o jogador do Cruzeiro não tocou no jogador do Flamengo, isentando assim o Gaúcho Carlos Eugênio Simon. O vídeo está disponível no site da ESPN Brasil. Agora a pergunta que não quer calar: “O Flamengo e a Comissão de Arbitragem irão se desculpar com o árbitro?”

22.11.08

Horror nos estádios

Olá amigos!!!
Faz algum tempo que não passo por aqui, mas estou escrevendo para um blog chamado "Falando dos Gaúchos", escrevo toda quarta e sábado. E o texto abaixo foi publicado quarta-feira, dia 19/11, e como eu gostei muito e recebi vários elogios resolvi dividí-lo com meu blog particular.
Espero que gostem.
Beijos Cris.

Horror nos estádios

Gostaria de poder falar sobre o jogo do Internacional hoje a noite. Gostaria de poder falar da busca pelo título do Grêmio. Mas após os últimos acontecimentos nos arredores do estádio Olímpico, não posso me permitir falar de outro assunto a não ser do horror da violência dos atos de marginais travestidos de torcedores gremistas.
Sempre fui a favor das organizadas em estádios. Penso que elas fazem um show a parte nas arquibancadas. Mas de alguns anos para cá tenho repensado minha posição. Estou aqui na frente do computador faz algumas horas tentando objetivar e medir tudo que quero expressar para ti leitor. Bom vou começar pelo que deve ser o começo – ao menos na minha visão.
Futebol é a maior paixão nacional. Quando nascemos – ou até enquanto estamos na barriga da mãe ainda – já se fala em que time vamos torcer. Eu particularmente fui criada dentro de estádio de futebol. Estudei jornalismo para trabalhar com futebol. A minha lembrança mais remota é de eu com 3 ou 4 anos toda entrouxada indo ao estádio com meu pai para assistir a um jogo de futebol, isso deve ter sido em julho ou agosto de 84/85. Naquela época mulheres nos estádios era algo raro. Minha mãe era uma exceção, sempre fora aficionada por futebol, mais especificamente pelo clube ao qual torce. Para mim assistir ao jogo no campo sempre foi programa de família.
Porém algo mudou nos últimos anos. Com o avanço da violência, ela chegou com força aos templos do futebol. As torcidas organizadas, que eram uma forma de show, um reforço para os times em campo, tornaram-se gangues. Primeiro começou no eixo Rio-São Paulo. Lembro como se fosse hoje a guerra na final da Copa São Paulo de Juniors no Pacaembú a briga entre as organizadas do Corinthians e do São Paulo, que culminou com a morte de um jovem a pauladas em frente as câmeras de TV. Depois disso muitas outras confusões vieram. As torcidas organizadas foram proibidas nos estádios paulistas, mas proibidas como tudo no Brasil – logo não preciso nem dizer para vocês que ninguém levou à sério. Agora – faz algum tempo já – essa violência chega ao nosso estado.
O que ocorreu domingo após o jogo entre o Tricolor Gaúcho e o Coxa foi uma mostra do que esses marginais são capazes de fazer. Uma briga entre torcidas – pasmem – do mesmo time, o Grêmio se degladiaram nos arredores do Olímpico. Saldo: dois torcedores gravemente feridos à bala.
Os motivos para essas brigas são os mais variados, basta lermos as reportagens dos jornais ou assistirmos aos telejornais. A briga do final de semana parece ter sido motivada por um grupo Neo-Nazista auto-denominado G.A.S. (Geral Ataque Surpresa). Segundo membros de outras torcidas organizadas, eles pregam a extinção de mulheres, negros e gays dos estádio de futebol, e teriam “proibido” a torcida Máfia Tricolor de colocar faixas em homenagem a Lupicínio Rodrigues e o ídolo Everaldo por serem negros. O não atendimento da “ordem” ocasionou ameaças de morte e as vias de fato.
A direção do Grêmio joga a responsabilidade para a polícia, a polícia joga para a justiça, que repassa para a Brigada Militar, que toca a batata quente para o clube, que procura outro culpado... como a historinha aquela: ”...Maria que amava João, que amava Cláudia, que amava José...” . Não sei dizer onde isso vai parar, só sei que alguém precisa parar. A próxima batalha já está anunciada, dia 7 de dezembro de 2008, no jogo contra o Atlético Mineiro. Quem se habilitará a tomar uma atitude? Não vai valer a desculpa do “eu não sabia”.